A fórmula do sucesso

A fórmula do sucesso


Xabi Alonso sente que a Espanha é especialmente perigosa na parte final dos jogos


Pode ter chegado ao UEFA EURO 2008™ com uma reputação pouco desejada, pelo facto de falhar nos momentos decisivos das grandes competições, mas a nova capacidade espanhola de controlar os jogos, para mais tarde os decidir de forma impiedosa, pode ser o que faltava à "furia roja" para pôr fim ao jejum de 44 anos sem conquistar um troféu.

"Maturidade futebolística"
Sete dos 11 golos marcados pela Espanha nesta fase final foram conseguidos nos últimos 15 minutos dos desafios. Para além disso, seis desses tentos aconteceram nos derradeiros 20 minutos, incluindo aquele obtido em cima do apito final e que ditou a vitória frente à Suécia no Grupo D, e os dois frente à Rússia no triunfo por 3-0, que garantiu a presença na final de domingo, onde os espanhóis vão encontrar a Alemanha. "Se continuamos a resolver os jogos na segunda parte ou a terminar em melhor condição física que os nossos adversários, isso mostra como agora sabemos controlar as partidas", disse o médio Xabi Alonso. "Demonstrámos uma maturidade futebolística e uma ligeira mudança na nossa filosofia de jogo. Penso que mantemos a nossa paciência e concentração durante muito mais tempo nos jogos importantes, o que é crucial a este nível competitivo. Se existe uma estratégia delineada e os jogadores certos para a implementar, então a confiança plena é o caminho certo para conseguir resultados positivos".

Factores tácticos
Talvez por ter sofrido a derrota mais dolorosa da sua carreira de jogador às mãos do FC Bayern München, o treinador Luis Aragonés tem ensinado a sua equipa a imitar a mentalidade vencedora dos alemães. Depois de ter inaugurado o marcador para o Club Atlético de Madrid na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1974, a seis minutos do final do prolongamento, Aragonés foi impotente para impedir que Georg Schwarzenbeck conseguisse a igualdade no último minuto. O Bayern acabou por vencer a finalíssima, quatro dias depois, por 4-0, arrecadando o troféu. No entanto, também é importante referir que as decisões e alterações a nível táctico de Aragonés têm contribuído para o sucesso desta selecção. O "timing" certo das entradas em campo de Cesc Fàbregas produziu três assistências para golo, um tento marcado e um triunfo no desempate através da marcação de grandes penalidades; a mudança frente à Grécia resultou num golo e na assistência para Daniel Güiza facturar o primeiro tento da sua conta pessoal, com o confiante ponta-de-lança do RCD Mallorca a repetir o feito frente à Rússia.

"Aproveitar as oportunidades"
Santi Cazorla, outro elemento que tem acrescentado um suplemento extra ao jogo de cada vez que é utilizado, disse o seguinte de Aragonés: "Ele mostra que conhece bem os jogadores à sua disposição e qual o momento ideal para os utilizar. Não é sorte, mas sim o tributo ao seu trabalho e capacidade de decisão. Quando vencemos um desafio na segunda parte, é porque ele faz com que os jogadores suplentes acreditem que fazem parte da equipa e que podem ser igualmente decisivos". Talvez o factor decisivo na caminhada bem sucedida da Espanha tenha estado sempre disponível para os treinadores que passaram anteriormente por esta selecção, mas que só agora esteja a ser usado de forma devastadora e a produzir resultados palpáveis. "Na partida frente à Rússia, o importante era manter a posse da bola, fazer os russos correr atrás dela e depois atacar em força quando já estivessem cansados", acrescentou Marcos Senna. "Somos bons no contra-ataque e presentemente estamos a aproveitar melhor as oportunidades que temos, pelo que espero que continue a ser assim no domingo".