Vitória não consola suíços

Vitória não consola suíços


Jakob Kuhn despediu-se do comando técnico da Suíça com uma excelente vitória

A participação da Suíça no UEFA EURO 2008™ pode até ter terminado em alta, com a vitória por 2-0 sobre Portugal, mas Köbi Kuhn, de saída do comando da selecção, e os seus jogadores ficaram a lamentar o afastamento prematuro da competição, falhado que foi o apuramento para os quartos-de-final.

Pequena consolação
Dois golos de Hakan Yakin no encontro disputado em Basileia valeram à Suíça uma vitória na terceira e última jornada do Grupo A - o primeiro triunfo da história do país em fases finais de Campeonatos da Europa -, mas foi apenas uma pequena consolação, depois da derrota por 1-0, no jogo inaugural, frente à República Checa e por 2-1 diante da Turquia, sofrida já no período de descontos, resultados que condenaram a Suíça a uma saída prematura do torneio. "Este triunfo foi um dos momentos mais bonitos da minha carreira, mesmo não tendo contado para nada", afirmou Kuhn após o jogo com Portugal, antes de acrescentar: "É doloroso constatar que um ponto no encontro com a Turquia teria sido suficiente para passarmos aos quartos-de-final. Esta equipa tinha capacidade para chegar aos 'quartos'".

Pouca sorte
Dado os contratempos que a Suíça sofreu, só o facto de ter ficado tão próxima do apuramento tem algum significado. Vários jogadores lesionaram-se pouco antes do início da prova e ficaram de fora, o influente médio Tranquillo Barnetta nunca pareceu totalmente recuperado da sua lesão num tornozelo e o capitão e melhor marcador de todos os tempos da selecção helvética, Alexander Frei, aguentou apenas 43 minutos do jogo de abertura até sofrer uma rotura parcial dos ligamentos do joelho esquerdo. Outro avançado, Marco Streller, também se lesionou, deixando o jovem de 19 anos, Eren Derdiyok, como o único avançado de raiz à disposição de Kuhn. "Sempre alertei para a nossa falta de avançados capazes de jogar ao mais alto nível, e infelizmente tal acabou por ficar provado", reconheceu o técnico.

"Falhámos"
Embora nem checos nem turcos possam dizer que dominaram os seus jogos frente à co-anfitriã, o vice-capitão Ludovic Magnin, que assumiu a braçadeira após a lesão de Frei, insistiu que o triunfo no último jogo não diminui a desilusão que foi o afastamento da prova. "É demasiado fácil dizer que jogámos bem, mas acabámos eliminados. Perdemos dois jogos, por isso é óbvio que faltou qualquer coisa. Falhámos. Não estávamos aqui para jogar bem, mas sim para ganhar jogos". O veterano guarda-redes Pascal Zuberbühler, que disputou o seu último encontro pela selecção frente a Portugal, acrescentou: "Para ser honesto, o sentimento que mais nos assola agora é o de arrependimento. Com esta equipa podíamos ter ido mais longe. Fomos demasiado ingénuos, tanto no ataque como na defesa".

"Passo atrás"
Hakan Yakin despediu-se do torneio com a sua reputação intacta, tendo apontado os três golos da Suíça na prova, mas o jogador de 31 anos sente que a selecção helvética é, ainda, uma equipa em formação. "Demos bons passos em frente em Portugal, em 2004, e na Alemanha, em 2006 [onde a Suíça chegou aos oitavos-de-final], mas neste EURO, em nossa casa, demos um passo atrás. Deixámos fugir muita coisa". Ainda assim, o futuro substituto, Ottmar Hitzfeld, terá visto alguns sinais positivos. Philippe Senderos e Patrick Müller impressionaram no centro da defesa, Gökhan Inler brilhou no papel de médio de contenção e o também médio Valon Behrami esteve, igualmente, em destaque. Na baliza, o guarda-redes Diego Benaglio, de 24 anos, parece ser uma estrela para o futuro.

O legado de Kuhn
Se o antigo treinador do FC Bayern München, Hitzfeld, conseguirá fazer melhor com estes jogadores - e melhorar ainda mais as actuações de jogadores como o promissor latera-direito Stephan Lichtsteiner – é a grande questão para a selecção Suíça, que tentará a qualificação para o Campeonato do Mundo de 2010. Integrada no Grupo 9, ao lado de Israel, Repúlica da Moldávia, Luxemburgo, Grécia e Letónia, poderá tratar-se de um alinhamento acessível para os suíços, embora Barnetta sinta que Hitzfeld terá uma tarefa complicada, depois de tantos anos de Kuhn à frente da selecção. "Ottmar Hitzfeld vai trazer consigo bastante experiência", lembrou o médio do Bayer 04 Leverkusen. "Estamos ansiosos por começar a trabalhar com ele, mas não vai ser fácil. Passámos grandes momentos com Köbi Kuhn".